SÓ
DEUS SABE O TAMANHO DO SACRÍFICIO QUE É SER MÃE
Por
José Olímpio
Uma palavra tão pequena e
comum que enche de poesia a alma humana... Sempre agradável aos
ouvidos e ao coração. Tal o ser que nomina. A mãe povoa, embeleza, enaltece as
composições literárias, musicais, teatrais, e tudo que é obra de arte. De
sublime doçura, motivação que inspira sentimento singular. Ela encarna o
verdadeiro amor. É como diz a canção[1]:
Mãe é uma só que a gente tem no mundo.
Mãe é o amor mais puro e
mais profundo,
MÃE é colo, é alegria, é
segurança, é paz, é certeza, é plenitude... Presença tão forte que, mesmo
ausente, é capaz de preencher o vazio com lembranças tão doces que produz uma
saudade alegre, diferente de qualquer outra.
Uma vocação divina. Um ser que
transcende a própria vida. Capaz de esvaziar-se. De esquecer suas fraquezas e
necessidades, e lutar contra tudo que ameaçar a sua maior razão de viver, aquele,
aquela que gestou, que amamentou, e cujo crescimento acompanhou vigilante.
Muitas vezes em condições mínimas, mas com gozo supremo. Resumindo (nos versos
do escritor maranhense Coelho Neto)[2]:
Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num
paraíso!
Ser mãe é levar uma vida
de esforços sobre-humanos, só Deus sabe o tamanho do sacrifício... Feliz por
ver o filho crescer, inserir-se... Mas chega, mais cedo ou mais tarde, a hora
já sabida, intimamente não desejada: vê-lo voar em busca de outro colo, de outros
temperos, construir o próprio ninho... “Deus te abençoe, meu filho! Que seja
feliz!” Ah, que o Senhor não permita ser-lhe tirada de vez sua filha querida...
sua melhor confidente... Mas, afinal, conhece por experiência, e intuição – este sentido que é lhe característico –, o pensamento do grande filósofo libanês Khalil
Gibran[3]:
Vossos filhos
não são vossos filhos.
São os
filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm
através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não
vos pertencem.
Mãe é dor, é sofrimento...
E para muitas dessas sublimes criaturas, o paraíso está longe, muito longe,
pelo menos neste mundo insano e desigual. Quantas delas, com a alma dilacerada,
veem-se forçadas a entregar a outra (feliz) família o seu próprio rebento! Quantas,
outrora tão fortes, tão úteis, hoje acumulando anos, abandono e cansaço, aguardam,
dias, meses... Quantos suspiros, o tempo se arrastando... Enfim chega o dia.
Arrumam-se, penteiam-se, ansiosas... Qual o quê?! A mesma pressa e frieza.
Esperanças frustradas mais uma vez. Mas desculpam sempre, sem revolta: “Ela tem
muito o que fazer! Coitadinho... é muito trabalho... Há as de menor sorte. O sonho de rever seu
garoto, sua princesa, pelo menos uma vez antes de partir desta, vai-se
desfazendo como as nuvens (que antes contemplava brancas e brincalhonas). Como
estará, meu Deus? Por que não aparece? Uma notícia sequer... Pra este caco de
mãe ir em paz... É o sonho, felicidade superada apenas pelo momento em que viu
nascer o fruto de seu amor, grande, ou não, mas a coisa mais linda e mais
querida deste mundo...
Para
a mãe, os filhos têm sempre a primazia, seja o primeiro, o segundo, o terceiro,
ou o último de uma ‘escadinha’ de muitos degraus.... Que belo o exemplo de Giana Bereta Molla, a santa italiana
que viveu no século XX, devotando-se entre o matrimônio, a maternidade e a
profissão (médica). Na gestação do quinto filho, foi detectado um fibroma no
seu útero. Fez a cirurgia com sucesso, mas tendo advertido ao médico que preservasse
a vida de seu filho. E antes do parto continuou com sua serena determinação:
“Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei – e isto o
exijo – a criança. Salvai-a.” Efetivamente, Joana Manuela nasceu, e continua
viva. Poucos dias depois, a mãe não resistiu, e em meio a grande sofrimento,
repetindo a jaculatória “Jesus, eu te amo, eu te amo”, falece, aos 39 anos. Era
o ano de 1962, 23 de abril. Este é, pois, o dia da festa de Santa Gianna[4].
Ser mãe é a virtude maior
do ser humano. O próprio Deus quis ter uma mãe, aqui entre nós. E, na sua
bondade infinita, também a deu para toda as criaturas humanas. Dela vem a
transcendência de todas as mães, ao mostrarem, em certas circunstâncias
sabedoria e atitude supra-humanas. Ela, a
senhora da Piedade, Apietá (obra-prima
de Leonardo da Vincci), que acolheu nos braços, seu filho Jesus, no sofrimento
extremo da cruz.
Ah, que felizes somos,
mais do que saudosos, por termos tido essa santa companhia... Muito mais felizes
os que ainda gozam de sua ternura, seu olhar, seus cuidados! Afora, outras
senhoras que, de tão bondosas, atraem o nosso bem-querer, e as tratamos como
mães. A todas entoemos louvores. Ai, que bela a minha mãe! É a história que
sempre se repete: Eu deveria ter tido muito mais cuidado, muito mais paciência
contigo! Ter-te abraçado e ter-te beijado muito mais. Faltou-me dizer-te
infinitas vezes aquele eu te amo! vindo
do coração. Mas eu bem sei que já me perdoaste, pela bondade que recebeste dos
Céus, de onde velas por mim. E, lembrando-me das tantas ‘modinhas’ que
cantavas, segue, para ti, e para todas, esta pérola do nosso rico cancioneiro
popular[5]:
Andei por todos os jardins
Procurando uma flor pra te ofertar
Em lugar algum eu encontrei
A flor... perfeita pra te dar.
Ninguém sabia onde estava
Essa flor mimosa perfeição
Ela se chama flor mamãe
E só nasce no jardim do coração.
Não, não é fácil definir este
tema inesgotável... Contudo, não tenho dúvida em afirmar: Ser mãe é ser
cocriadora da vida. Tal virtude confere-lhe um patamar superior entre os
mortais seres humanos.
Bem, Este trabalho, mais
sentimento que literatura, e nada de ciência, está a anos-luz de prestar a
merecida homenagem. Haja inspiração e talento para quem pretender consegui-lo.
Mas, se minha mãezinha ainda estivesse aqui acharia uma perfeição... “Que coisa
linda, meu filho!”, diria, com um sorriso de orelha a orelha. MÃE... É MÃE!
José Olímpio de Sousa
Araújo
Da
Academia Metropolitana de Letras (AMLEF)
Da
Academia Limoeirense de Letras (ALF)
[1] www.letras.mus.br (19/04/2021)
[2] www.jornaldapoesia.jor.br (19/04/2021)
[3] www.pensador.co m.br
(23/04/2021)
[4] Comshalom.org (23/04/2021)
[5] www.letras.mus.br/jose-roberto (23/04/2013)
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